Sai Gangnan Style, entra Harlem Shake. No mundo-mídia viral, o sucesso não é apenas efêmero, mas também canibal. Bobagem devora bobagem. A humanidade, esse estranho organismo, chega ao século 21 tendo criado a maior ferramenta de disseminação de conhecimento e cultura da história e o que mais se vê é de um vazio temeroso.
Não se trata de ser do contra ou de não reconhecer que,
eventualmente, tanto Gangnan Style
quanto Harlem Shake podem render
coisas engraçadas. Há em ambos (e em tantas outras coisas que se encontra na
internet) o alívio cômico natural da vida, necessário para ventilar sua quase
sempre sufocante aspereza. O riso, e mesmo o besteirol, são bem-vindos. O
problema está na dosagem.
Quando o que dá mais audiência é algo completamente sem
sentido, fica a preocupação do rumo que está tomando esta sociedade conectada.
Coisas como facebook e youtube despertaram, inadvertidamente, o que há de mais
infantil em nós. O risco é de entrarmos em uma era de infantilização, uma era idiotizada,
uma Idade Média 2.0 em que o idioma oficial é o “miguxês”.
Não é preciso ser sisudo para viver a vida, mas a avalanche
de besteirol que ocupa os espaços virtuais e os assuntos cotidianos tem tomado
proporções que parecem denotar um desejo reprimido de sermos bobos. Quem
insistir em pensar, ter opinião crítica, logo é hostilizado pela patrulha da
alegria. Torna-se o chato ranzinza, o estraga-prazeres. Assim molda-se a
ditadura da felicidade e do divertido. Tudo é graça. E quando tudo é graça,
nada mais é sério.
--
Nenhum comentário:
Postar um comentário